Agentes de segurança querem uma política planejada para o setor |
O Rio Grande do Norte está no topo dos estados mais violentos do Brasil. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), houve um aumento de 232% na taxa de homicídios, no ano passado. Em ano de eleições para governador, entidades sindicais ligadas a segurança pública revelam suas demandas e alertam para a importância do tema para a classe política.
Para o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, Roberto Campos, o futuro governador precisa voltar a atenção para questões estruturais das corporações. Segundo ele, falta recursos básicos como o contingenciamento de munição e sucateamento de equipamentos. “Eu acho que vivemos hoje o maior sucateamento da história da polícia, tanto que nós paramos 23 dias. Todo mundo indo trabalhar, mas não realizava as atividades porque não tinha sequer o básico. Se a polícia fosse de novo fazer um pente fino e só trabalhar se tivesse condições, hoje ela pararia de novo”.
O presidente pontua que o problema perpassa também pela má conservação dos prédios públicos e pela desvalorização da mão de obra do policial, que não encontra apoio do estado. “Os prédios estão caindo aos pedaços. Desmotiva muito você chegar em seu local de trabalho e ver um prédio desabando como o de Parnamirim. E isso se reflete em todas as outras unidades. Não tem uma viatura de retaguarda se o policial se deparar com um enfrentamento. Não há suporte. De cara, precisa dar uma motivada nos policiais. Nós temos hoje o terceiro pior salário do Brasil”, critica Roberto Campos.
Ele admite que muitas demandas não se resolverão rapidamente, como, por exemplo, a necessidade se suprir 5 mil vagas que a PM precisa. Mas garante que algumas ações poderiam ser tomadas a curto prazo. Isso poderia ser feito investindo em tecnologia e na retirada imediata da Polícia Militar, que hoje são mais de 500 homens, do sistema prisional, voltando as atenções para o sistema de monitoramento. Com esse número, daria para ativar mais de 50 viaturas rodando 24 horas por todo o estado. Desta maneira, se otimizaria a mão de obra.
“A questão estrutural é como se fosse um corpo faltando um membro para fazer suas atividades. Não adianta ter policial se falta o básico. Um fardamento e um equipamento não se dão aos policiais. Isso ajuda a desmotivar. O policial serve o estado 24 horas e o estado dá 10 reais para o policial se alimentar”, conclui.
A delegada e presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil (Adepol), Paoulla Maués, espera que a questão de segurança pública seja tema prioritário durante a campanha eleitoral deste ano, bem como um comprometimento político de quem for governar o estado.
Maués afirma que a classe política, junto com outros setores da sociedade, precisa dar uma resposta à população. Segundo ela, isso só ocorrerá com uma política pública de segurança eficiente.
De acordo com a delegada, o ponto de partida seria um planejamento articulado e organizado, com diagnósticos, metas, e ações a curto, médio e longo prazo. Um projeto com retificações de caminho, de tudo que foi feito até o momento para que, no fim, seja quem assumir o cargo no próximo ano, possa fazer uma prestação de contas aos potiguares.
agorarn.
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