Polícia apreendeu vários pontos eletrônicos utilizados por membros da quadrilha durante as provas (Foto: Lucas Sá/DDF João Pessoa) |
Os “clientes” da quadrilha suspeita de fraudar pelo menos 60 concursos públicos em seis estados do Nordeste eram contatados principalmente em cursinhos e por meio redes sociais, segundo informou o delegado de Defraudações e Falsificações (DDF) de João Pessoa, Lucas Sá, nesta segunda-feira (8). O grupo cobrava até R$ 150 mil por 'kit completo' de aprovação em concursos e mais de 500 aprovados pagaram R$ 18 milhões à quadrilha, em 6 estados do Nordeste. O esquema foi desarticulado pela Operação Gabarito.
Suspeitos foram presos com ponto eletrônico durante prova do concurso do MPRN (Foto: Lucas Sá/DDF João Pessoa) |
O esquema foi desarticulado pela Polícia Civil da Paraíba no domingo (7). Segundo a polícia, 19 pessoas foram presas, entre elas dois irmãos em um condomínio de luxo, apontados como líderes do grupo e já aprovados em 29 concursos. Outros envolvidos foram presos durante um concurso do Ministério Público do Rio Grande do Norte.
“São muitas as maneiras, mas as principais são pelo Facebook, WhatsApp e indicação de pessoas de cursinhos. Vários desses professores [presos] são professores de cursinho. Então eles acabam indicando a organização para os alunos desses cursos e fazendo a proposta de ingressar no esquema fraudulento”, disse o delegado.
O delegado afirma que as fraudes começaram em 2005, em concursos na Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí. “Tomando como base o menor valor informado até o momento, podemos concluir que, no mínimo, a organização consegue obter a quantia de R$ 300 mil por concurso".
Muitos dos "clientes" procuravam o esquema por meio de indicações de amigos. Mas também havia casos em que os integrantes do esquema entravam em contato com pessoas que estavam em grupos de concursos e cursinhos em redes sociais, que eram "clientes" em potencial, para fazer a proposta, segundo o titular da DDF.
Lucas Sá informou que, entre os documentos, também foram apreendidos gabaritos e provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016. A Polícia Civil ainda vai investigar se também houve fraude no exame.
'Kit completo' de aprovação custava R$ 150 mil
De acordo com as investigações, o grupo cobrava até R$ 150 mil para vender o "kit completo" de aprovação. Os suspeitos fraudavam documentos para facilitar empréstimos para pagar a fraude, diplomas para ingresso no cargo e gabarito da prova.
Segundo o delegado, para o esquema ser executado o grupo precisava que pelo menos dez candidatos do concurso comprassem o gabarito. “É cobrado, em média, o valor correspondente a 10 vezes o salário inicial do cargo pleiteado, de maneira que cada candidato interessado repassa a quantia de R$ 30 mil a R$ 150 mil para a organização criminosa”, explica Lucas Sá.
G1 PB.
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