A técnica de “guerrilha”, como é chamada a estratégia de camuflar o plantio de maconha em terrenos baldios e florestas, é difundida em redes sociais como solução para evitar que os cultivadores da erva sejam presos. Leandro, 20 anos, que cultiva em um terreno no extremo sul de São Paulo, começou sua “guerrilha” há cerca de um ano e meio. Ele conta que as suas principais motivações foram consumir um produto de melhor qualidade e reduzir o financiamento ao crime organizado por meio do tráfico de drogas.
O advogado criminalista Daniel Biral disse que o porte de apenas uma planta de maconha já pode ser considerado tráfico. “Isso vai depender se a planta é fêmea (produtoras de flores, que podem ser fumadas) ou macho. Se ficar comprovado que a planta produz flores, é tráfico”, disse o advogado. Segundo Biral, o dono da planta precisará de um laudo do IC (Instituto de Criminalística) para provar que a planta é macho e descaracterizar a produção da droga. A pena para tráfico de drogas no Brasil varia de 5 a 15 anos de prisão.
Ao contrário de muitos cultivadores que relatam suas experiências de “guerrilha” nas redes sociais, Leandro não importa sementes, nem ganhou clones de outras plantas adultas. Como trabalha durante a semana, Leandro só consegue cuidar das plantas aos domingos, quando tira parte do dia para adubar, regar e trocar a terra.
Leandro conta que cada planta demora até seis meses para crescer, da germinação até a colheita, e rende até meio quilo da erva cada uma. Mesmo assim, ele ainda precisa comprar maconha de traficantes para suprir sua necessidade. “O ideal seria eu plantar mais, mas não posso senão vou dar bandeira e ir preso. Penso no dia em que a erva será legalizada e eu vou poder plantar mais, como faz o meu tio na Espanha”, afirmou Leandro. O país europeu permite o cultivo para consumo próprio e a compra de até 20 gramas da erva por semana em clubes canábicos.
Mesmo sob o risco de ser preso, Leandro não pretende parar ou reduzir o seu plantio e acha que todos os usuários deveriam plantar sua própria erva. “Não gasta quase nada de dinheiro. E só assim você terá algo medicinal sem sujeira, com as essências e efeitos que você preferir, sem financiar o tráfico”, afirma. Ele conta que seus pais sabem do cultivo e até fumam com ele. “Meu pai já usava desde mais jovem; já a minha mãe graças a Deus também passou a fumar depois que eu indiquei leituras sobre o tema para ela ver que não há riscos e até faz bem”, relata.
A maior parte das publicações em grupos do Facebook são para tirar dúvidas sobre o cultivo e exibir as plantas. “Galera, estou cultivando há cerca de 8 meses em guerrilha. Recentemente, (a planta) parou de crescer. Poderiam me ajudar com dicas para o crescimento ou controle contra insetos?”, questiona um dos integrantes com a foto abaixo.
Alguns dos relatos são de pessoas que plantam maconha em trilhas na serra do litoral paulista, em chácaras e até em canaviais. Todos os locais são mantidos em segredo. Todos os cultivadores entrevistados disseram que usam um mesmo portal como fonte de informação – o maior site sobre cultivo de maconha do Brasil, com dados, inclusive, sobre a plantação de “guerrilha”.
A área com mais visitas do site é o fórum, onde usuários compartilham dúvidas, informações e discutem sobre o cultivo da erva. De acordo o fundador do site, o fórum tem 85 mil pessoas cadastradas e recebe mais de 10 mil visitantes únicos por dia.
O cadastro no site é permitido apenas para pessoas com mais de 18 anos. A venda ou troca de produtos é proibida.
A área com mais visitas do site é o fórum, onde usuários compartilham dúvidas, informações e discutem sobre o cultivo da erva. De acordo o fundador do site, o fórum tem 85 mil pessoas cadastradas e recebe mais de 10 mil visitantes únicos por dia.
O cadastro no site é permitido apenas para pessoas com mais de 18 anos. A venda ou troca de produtos é proibida.
Da: BBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário