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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Natalense que trabalha como artista de rua é selecionado para estudar na UNIVASF.

Para comprar a passagem, Cleonilton vende balas embrulhadas a versos na cidade
“Lutar sempre e não desistir nunca”. Ditados populares são citados por muitos e utilizados para exemplificar situações todos os dias. Cleonilton Mendes do Nascimento, 42, ator e poeta potiguar, sabe bem o que é travar batalhas todos os dias. O artista não desiste de vencer e para isso tem vendido balas enroladas aos versos produzidos por si pelos ônibus da cidade para complementar o valor da sua passagem para Petrolina (Pernambuco). O ator deixa o palco para sentar-se à cadeira da sala de aula na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Cleonilton passou no processo seletivo e efetuou matrícula para o curso Ciências da Natureza ofertado pelo Campus Serra da Capivara da UNIVASF, em Pernambuco. As balas, vendidas a R$2 somam-se ao valor suado do trabalho diário para viajar no próximo dia 22. Ansioso, não vê a hora de estar com tudo pronto para o início das aulas nesta quinta-feira, 25. Ele quer fazer do hoje a construção do amanhã. Filho de Valdir Estevam do Nascimento e Maria da Conceição, número seis dentre os onze filhos. A infância foi simples, “Mas cheia de diversão. Nos dividíamos entre o mar e o sertão, pois meu pai é caiçara, da praia de Pirangi do Norte e minha mãe sertaneja, de Lajes Pintadas,” diz.
Os recursos eram poucos, muitos filhos para alimentar e educar. As crianças foram alfabetizadas pelo vizinho, seu Cícero. “O chamávamos carinhosamente de Dudú. Ele nunca cobrou nada para nos ensinar. Tínhamos pouco dinheiro”, lembra. Aos seis anos passou a frequentar o ensino regular na Escola Estadual Felizardo Moura, localizada no bairro das quintas. Sempre estudioso, já conseguia ler e escrever perfeitamente, destacando-se dos demais alunos.
O artista e as artes
A paixão pelas artes começou ainda na infância ouvindo os versos cantados pela avó. “Do meu avô ouvia as anedotas e versos improvisados.”, recorda. Seus versos segundo ele, vem de uma construção contínua de vivências e observações, pois sempre foi muito analista e tentado a entender o que acontecia ao seu redor. Ainda na infância, uma de suas professoras de português o estimulou a compor versos, “estimulava bastante o nosso pensar crítico e a nossa imaginação. A escola me apresentou muitas possibilidades”, conta. Com brilho nos olhos como quem vê um filho nascer, ele narra com paixão cada verso de seus poemas.
“Bela vista o pôr do sol que não alcanço. Queria ter a certeza de que as águas que correm às margens do teu leito, levem consigo as mágoas e frustrações de uma vida inteira, das lembranças perdidas no tempo mas que ficaram guardadas nas profundezas das tuas águas. Hoje, guarda os mais belos e encantadores contos de um povo feliz ou então de um só homem que encurralou-se aos seus mistérios e vive a debater-se na tua própria sombra. Não aprendeu a ver que tua força, tua beleza e teus encantos, na verdade não é mais que a carapaça do tempo revestida de sol, de praia e de areia branca e brisa fresca a varrer as folhas dos manguezais quase como se varresse as nossas vidas”, Poema sem título, Cleonilton Mendes.
agorarn

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