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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Segurança só até a meia-noite: Festas juninas de PE terão ‘toque de recolher’ por onda de crimes.

Foto: Rafael Lima/Divulgação
Com Pernambuco em meio à pior crise na segurança pública dos últimos dez anos –2.037 homicídios só nos primeiros quatro meses de 2017–, o governo Paulo Câmara (PSB) impôs uma espécie de “toque de recolher” nos polos das tradicionais festas juninas do Estado.
Da próxima sexta-feira (2) a 22 de junho, e de 25 a 2 de julho, os locais de shows só terão policiamento até a 0h, horário em que devem ser encerradas as apresentações. Em 23 e 24 de junho, véspera e dia de São João, os agentes farão a segurança até as 2h. Até o ano passado, não havia limites.
A Secretaria de Defesa Social, responsável pela segurança, determinou, em portaria, que a regra seja definida em termo de ajuste de conduta.
“Os critérios foram estabelecidos em razão do alto índice de criminalidade que identificamos nesses locais durante a madrugada”, afirmou o coronel Flávio Morais, diretor do Interior 1, que abrange o agreste, região com tradição nos festejos juninos, incluindo Caruaru (135 km do Recife).
“É uma das medidas da criação de grupos de trabalho que implantamos em 2016 e envolve guardas municipais e bombeiros. Com essa estratégia tivemos uma redução considerável de ocorrências em relação ao ano anterior”, disse o diretor.
Dados disponíveis no site da pasta, porém, mostram que junho de 2016 teve alta de 16,3% de vítimas de CVLI (Crimes Violentos Letais Intencionais), que engloba homicídios e latrocínios, em relação a junho de 2015. Ao todo, foram 186 mortos no interior pernambucano, 40 a mais do que na região metropolitana do Recife no período.
O governo Paulo Câmara já atribuiu parte da escalada da violência justamente a uma operação padrão da PM, que desde dezembro reduz o número de homens nas ruas para reivindicar ajustes salariais.
“A maioria [dos hóspedes] pergunta sobre a violência, se o risco de assaltos na região do hotel é alto e sobre assassinatos. Muitos estão com medo”, afirmou Claudenice Araújo, 33, recepcionista do Caruaru Park Hotel.
A assessoria de imprensa da rede Citi Hotel informou que está com apenas 15% dos leitos reservados e que “toda a rede hoteleira está sofrendo”.
A norma que determina os horários de atuação do policiamento ostensivo nas áreas de shows e eventos juninos, porém, é flexível, segundo o coronel Morais. “Levamos em consideração a tradição junina dos municípios, em alguns o horário será estendido.”
Entre as exceções está Caruaru, que disputa com Campina Grande (PB) o título de maior São João do Mundo. Na cidade pernambucana, os 17 polos contarão com a presença de mais de 13 mil policiais até as 3h nas datas de maior movimento, como a abertura e nos dias 23 e 24 de junho.
O município espera receber 2,5 milhões de pessoas, 500 mil a mais do que em 2016. Em nota, a Fundação de Cultura da cidade diz que as festas devem gerar cerca de 6.000 empregos diretos e indiretos, e movimentar R$ 200 milhões.
Folha de São Paulo

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