O governo do Ceará determinou o afastamento de suas funções dos 12 policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar envolvidos no tiroteio contra criminosos que tentaram assaltar duas agências bancárias da cidade de Milagres, no sul do estado, na madrugada da última sexta-feira (7). Catorze pessoas morreram em função da troca de tiros, entre elas seis reféns.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), os 12 policiais serão afastados das ruas e permanecerão realizando trabalhos administrativos até a conclusão das investigações, conduzidas por cerca de 40 profissionais da Polícia Civil e da Perícia Forense estadual.
A Controladoria Geral dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) também abriu investigação preliminar para apurar os fatos. Além disso, o governo estadual acionou a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas dos Direitos Humanos (COPDH) para auxiliar as famílias das vítimas. Os reféns foram sepultados durante o fim de semana.
Oito suspeitos de participar da ação foram detidos. Cinco deles foram presos na noite de sexta-feira (7). São três homens e duas mulheres, flagrados por equipes do Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual em um veículo no qual policiais apreenderam um carregador municiado de calibre .40. De acordo com a Polícia Civil, eles estariam indo resgatar outros integrantes da quadrilha que teriam se escondido na região.
“Fracasso”
O Ministério Público Estadual (MPCE) também designou um grupo de promotores para acompanhar as investigações envolvendo os fatos decorrentes da tentativa de assalto em Milagres. Em coletiva de imprensa nesta tarde, o procurador-geral de Justiça, Plácido Rios, classificou de “fracasso” a ação que tentou impedir o ataque a bancos do município.
“Não se pode, em nome de resguardar um patrimônio, ter seis vítimas em uma operação dessa natureza. Os policiais não vislumbravam esse resultado e isso justifica termos mais cuidado e cautela. Devemos cobrar da polícia protocolos mais rígidos.”
Rios enumera uma sequência de questões que precisam ser respondidas, como quem comandava a ação policial, quem e por que se começou a atirar, por que não houve rigor maior na ação, como a comunicação às Policias Federal e Rodoviária Federal e a adoção de protocolos de segurança envolvendo reféns.
“Independentemente do que aconteceu lá, não verificamos nenhum protocolo de zelo com a vida dos reféns. Ao que parece, sequer a polícia tinha conhecimento de que havia reféns. Se a polícia já conhecia os alvos, por que não providenciou iluminação adequada para o momento da ação policial. São questões empíricas, mas será objeto de verificação.”
Da Agência Brasil.
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