“Fico muito feliz em ver que ele não foi esquecido”, diz Lucinha Araújo, mãe de um sujeito chamado Agenor de Miranda Araújo Neto, mas jamais conhecido pelo nome da sua certidão de nascimento. Lembrado ele é, cara Lucinha, até hoje, mas como Cazuza, o poeta, o exagerado – um ou outro, por muitas, muitas vezes, ambos. Nesta quarta-feira, 4, Cazuza completaria seu 60º aniversário. O fato é que, com o esforço de Lucinha, aliado à poesia feroz e visceral de seu filho, a obra de Cazuza se mantém firme.
Morto em 1990, aos 32 anos, o cantor e compositor, surgido como vocalista do Barão Vermelho, banda com a qual gravou três discos (Barão Vermelho, de 1982, Barão Vermelho 2, de 1983, e Maior Abandonado, de 1984), e seguiu como artista solo, abastecido pelos elogios de Caetano Veloso e recebido, de braços abertos, pela juventude já não tão jovem crescida ao som dos tropicalistas surgidos no final dos anos 1960.
Planos, Lucinha, tem vários. Ela atende o telefone da reportagem em trânsito – mas, calma, não era ela quem dirigia – e passa a contar dos projetos que envolvem a obra de Cazuza. A princípio, e mais concreto deles, é a criação do Centro Cultural Cazuza, sediado na casa onde viveu a tia de Agenor, em Vassouras, município no centro-sul do Estado, a pouco mais de 100 km de distância da capital.
Ali, Lucinha nasceu – embora tenha vivido o resto de sua vida no Rio de Janeiro – e lá Cazuza ficava no período de férias escolares, quando criança. O casarão é datado de 1849, que vem sendo reformado há mais de um ano, e será reaberto como um centro cultural em 11 de maio deste ano. A celebração pela abertura incluirá um show de Sandra de Sá, na praça central da cidade. No dia seguinte, será a vez de Gilberto Gil. Lucinha conta da realização com orgulho. “Instalei um elevador, vou levar alguns objetos do Cazuza para serem expostos lá, vamos ter uma réplica da estátua de Cazuza (instalada no Leblon em 2016) e instalarei um televisor para exibir alguns dos principais shows dele.”
Lucinha também revela mais detalhes sobre o disco de canções inéditas escritas por Cazuza, prometido há tempos. As letras deixadas por ele serão reinterpretadas por nomes como Leoni, Wilson Sideral, Xande de Pilares.
“Caetano Veloso está com uma música para fazer, Gilberto Gil também”, conta.
No Rio. Neste dia de aniversário do poeta, o Rio de Janeiro recebe um show em homenagem a Cazuza, realizado por Rogério Flausino e Wilson Sideral – o último assina a direção do espetáculo – no Circo Voador, casa de shows localizada na Lapa carioca na qual Cazuza encontrou seu estrelato, ali, no início da sua trajetória musical de uma década de duração – pouco, é verdade, para o tamanho do legado deixado depois da sua partida. Os irmãos passarão por todas as fases de Cazuza no show, mantendo os arranjos originais da época, e receberão as participações de Bebel Gilberto e Caetano Veloso.
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