FERNANDA ALVES ENTREGA BOTIJÕES DE GÁS (REPRODUÇÃO/CHAMA) |
As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço e autonomia no mercado de trabalho. Mesmo distante de um cenário ideal, a presença feminina no mercado formal de trabalho já ocupa 44,5% em 2017, segundo dados recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. Um movimento que, como aponta o Ministério do Trabalho e o IBGE, vem ocorrendo lentamente nos últimos 50 anos.
Fortes nos setores de administração pública e serviços, onde o percentual de mulheres é superior ao dos homens, elas caminham para integrar segmentos majoritariamente masculinos, como a indústria de transformação, agropecuária, construção civil e serviços industriais. Ainda assim, uma maior participação feminina injetaria R$ 382 bilhões à economia brasileira segundo estudo “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo”, divulgado em 2017. E o preconceito ainda se mostra uma das principais barreiras para esses avanços.
Há seis anos atuando como pintora, Mylene Rocha, 50 anos, descobriu que havia oportunidade de emprego desempenhando o ofício, após realizar um curso oferecido por uma rede de varejo. Ela relembra de quando foi realizar um serviço e foi questionada pelo zelador do prédio se ela realmente iria pintar sozinha, afinal, para ele, as mulheres costumam apenas auxiliar na pintura. “Todos os dias ele ia ao apartamento para ver se eu realmente estava fazendo direito”, comenta Mylene. Quando ela terminou a pintura, se deparou com o próprio zelador surpreso com a qualidade do trabalho. “Muita gente ainda desconfia se sabemos o que estamos fazendo, há uma grande curiosidade e medo”, completa.
Dividindo seu tempo entre as entregas, a administração do negócio, a ajuda no serviço de casa e os estudos para o vestibular, Fernanda Alves, é outro exemplo que transborda disposição. Com 22 anos, a jovem começou a entregar botijões de gás para ajudar a atender as demandas crescentes do pequeno comércio de sua família. Fernanda já enfrentou situações de machismo durante suas entregas, na qual não acreditavam na sua força para realizar o trabalho.
“No começo eu ficava chateada, porque eles acham que aguentam mais peso que a gente. Mas nunca dei muita atenção, sempre disfarcei e segui com o trabalho. Por sorte, nesse último ano o estranhamento diminuiu bastante, eu diria que quase 80%”, comemora a jovem, que foi homenageada recentemente pelo aplicativo Chama em sua campanha do Dia da Mulher.
Um dos segmentos que mais conta com mulheres na linha de frente é o de beleza. Contudo, poucas são as profissionais que conseguem atuar como barbeiras. Mas esse era exatamente o objetivo de Thais Antunes, 23 anos. Ela iniciou sua carreira na barbearia em 2013 e se aprimorou na área masculina. Para ela, o preconceito sofrido, principalmente no início, não a desanimou. A barbeira e empreendedora conta que já teve que lidar com comentários que desqualificam seu trabalho. “Eu estava fazendo a barba de um cliente nos bastidores de uma emissora de TV, quando chegou outra pessoa no camarim e comentou que fazer a barba não devia ser difícil, afinal, era uma mulher que estava fazendo”. Apesar da dificuldade para conquistar um espaço, atualmente sente que as pessoas estão mais receptivas e dando mais credibilidade para o seu trabalho. Atualmente, além de atender clientes, ela ministra cursos e faz questão de incentivar outras mulheres a seguirem seu exemplo.
Apesar da trajetória repleta de dificuldades e situações machistas, elas seguem firmes sendo uma ótima prova de que as mulheres podem executar qualquer função.
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