O Rio Grande do Norte possui atualmente 296 pacientes na fila de espera para transplantes, sendo 123 para transplante de córneas, 151 para rins e 22 aguardando por uma medula óssea. Os números foram apresentados em audiência pública nesta terça-feira, 11, na Assembleia Legislativa, ocasião em que foi lançada a campanha “Doe órgãos. Salve vidas”, proposta pelo presidente da Casa, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB).
De acordo com Meiry Bruno, assistente social da Central de Transplantes do RN, esses números são considerados altos, principalmente em se tratando dos casos de córneas, que havia sido zerado em 2012, mas voltou a crescer nos últimos anos. Segundo a assistente social, esse número alto se deve à redução nas doações de córneas e também ao fato de pessoas de outros estados terem procurado o RN em busca de um transplante.
No que diz respeito ao número de pessoas que aguardam por um transplante de rim, o número ainda é considerado pequeno, isso comparado ao número de pessoas que fazem tratamento de hemodiálise. A assistente social explica que este número poderia ser maior, porque um estudo recente evidencia que cerca de 30% dos pacientes que fazem hemodiálise deveriam estar na fila para um transplante de rim. Atualmente, duas mil pessoas estão fazendo tratamento de hemodiálise no Rio Grande do Norte. Seguindo a tendência desse estudo, o número de pacientes que aguardam por um transplante pularia dos atuais 154 contabilizados para quase 500.
A especialista explique que isso acontece porque muitos dos pacientes que fazem a hemodiálise tem dificuldades de ter acesso a todos os exames necessários para entrar na fila de transplantes. “As deficiências do sistema dificultam que os pacientes consigam dar andamento aos exames. Demora tanto que, quando ele consegue fazer os que faltavam, os que haviam sido feitos já estão vencidos e ele precisa fazer tudo novamente”, relata.
Para a representante da Central de Transplantes, a maior dificuldade em aumentar o número de doação de órgãos reside na falta de informação das pessoas que não discutem esse assunto em casa. “Uma doação só pode acontecer com a autorização da família. Então é importante que a família fale sobre o assunto. Se a pessoa quer doar, é importante que ela comunique isso aos seus familiares para que na hora que tenha a necessidade, o processo consiga ser mais rápido”, assinalou.
Meiry Bruno considera a campanha lançada pela Assembleia Legislativa muito importante justamente por isso, pois permite a conscientização da sociedade para o tema. “As famílias precisam estar preparadas para que, na hora que acontecer o fato, ela possa dar o melhor encaminhamento sobre os órgãos dos seus entes e assim salvar a vida de muitas pessoas”, alertou. A nova campanha da Assembleia explica como pode ser feita a doação, quando é indicado e orienta a família com informações que ajudam a desmistificar o tema, como a aparência física após o procedimento e os custos para arcar com a doação, que não existem.
“Também é missão institucional do Poder Legislativo ações que busquem o bem estar comum através de ações para população. No RN, como em todo o Brasil, ainda predomina o desconhecimento e preconceitos sobre a doação de órgãos. Com essa mensagem, procuramos desconstruir esses empecilhos e provocar uma reflexão sobre o tema”, afirmou o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB).
Mais da metade das famílias de potenciais doadores de órgãos no Rio Grande do Norte se recusa a liberar a doação. A quantidade está acima da média nacional, que já é alta. Enquanto que o índice nacional é de 43% de recusa familiar, no RN é de 52%.
agorarn.
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