Com ao menos 87 casos confirmados, o surto de febre amarela do início de 2017 é o maior desde 1980, quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar dados da série histórica. Foram confirmados no início da noite dessa quinta-feira (26), pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, 84 casos da doença no Estado. São 15 novas confirmações – no dia anterior, o número total era de 69 doentes. O Estado também atingiu 40 mortes, contra 38 confirmadas nessa quinta-feira.
Somados aos dados divulgados no início da tarde de quinta pelo Ministério da Saúde, que contabilizou 72 casos confirmados no país, com 40 mortes, o número supera pela primeira vez os 85 episódios registrados no Brasil em 2000, até então o mais alto da série histórica. Naquele ano, foram 39 mortes no País. Outros picos de febre amarela aconteceram periodicamente no Brasil: em 1993, foram 83 casos registrados; em 1999, 76.
A última epidemia da doença no País aconteceu nos anos de 2008 e 2009, com 46 e 47 casos, respectivamente. Em 2016, foram registrados sete casos da doença, com cinco mortes. A taxa de letalidade média da doença na série histórica, segundo dados do ministério, é de 51,8% dos casos. No surto deste ano, entre os casos contabilizados, com 43 mortes no território nacional, fica por volta de 49,5%.
Vacinação
Especialistas em infectologia defendem maior controle dos programas de imunização contra a febre amarela nas cidades, mas alertam também para vacinação desnecessária. Essencialmente, a vacina –q ue está no calendário nacional de vacinação – deve ser aplicada nas pessoas que vivem ou que viajarão para regiões onde há ou já houve registros da doença.
Os sintomas da doença são febre, dores no corpo, náuseas, vômito e, nos casos graves, insuficiência renal, icterícia (cor amarelada da pele) e hemorragias. Membros da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) ressaltam que a vacina pode gerar reações adversas, que prejudicam especialmente idosos, gestantes e mulheres em fase de amamentação.
Para o infectologista Jessé Alves, coordenador do comitê de medicina do viajante da Sociedade Brasileira de Infectologia, uma eventual vacinação em massa é uma medida arriscada. “Propor a vacinação para a parte do Brasil que não está em áreas consideradas de risco tem um impacto muito grande”, diz.
Idosos
Segundo Alves, testes feitos na região norte da Argentina mostram que 60% das pessoas que sofreram efeitos colaterais da vacina tinham mais de 60 anos –idade em que o sistema imunológico pode ficar mais debilitado– vacinados pela primeira vez. Como precaução, o idoso deve procurar seu médico antes de se submeter à vacina.
A imunização também é contraindicada para crianças de até seis meses e para gestantes. Nas grávidas, ela só deve ocorrer se houver alto risco de transmissão, com a exposição em áreas do país com a doença
Mulheres que estejam amamentando crianças com menos de seis meses também não devem tomar. Nas áreas de alto risco de contágio, caso a lactante precise da vacina, deve-se suspender a amamentação por quatro semanas. Médicos também orientam que se evitem as viagens em vez de se submeter aos efeitos colaterais, além da proteção por meio de repelentes.
De O sul.
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