A quantidade de lama depositada pela Samarco no reservatório de Fundão, que ruiu em novembro, em Mariana (MG), era maior do que a divulgada pela empresa.
A reportagem é de Estêvão Bertoni, publicada por Folha de S. Paulo, 22-01-2016.
A informação consta do depoimento que o engenheiro Joaquim Pimenta de Ávila, que projetou Fundão, deu à Polícia Federal em dezembro.
Uma quantidade maior de lama, se não prevista, poderia comprometer a estabilidade da barragem, segundo o engenheiro, no depoimento.
"A Samarco informava que a proporção de lama para rejeito arenoso era 30% de lama para 70% de arenoso, mas, na prática, sempre foi 40% de lama para 60% de arenoso", diz trecho do documento obtido pela Folha.
O rejeito é a parte não utilizada após o beneficiamento do minério.
Levantamento da reportagem com base em relatórios da Samarco mostra que, de 2009 a 2013, a mineradora produziu, em média, 15,8 milhões de toneladas de rejeito por ano, em Mariana. Desse total, 26%, em média, eram lama, e 74%, rejeito arenoso.
Barragens como a que se rompeu, construída com o próprio material do rejeito, precisam ter seu nível de água controlado, "pois senão começam a aparecer situações de risco", disse Ávila à PF.
Por isso, a empresa instalava piezômetros, que medem a pressão da água no solo. Em casos preocupantes, a estrutura ganhava reforço.
No sábado (16), a Folha revelou que Ávila disse à PF ter alertado a Samarco em 2014 sobre um princípio de ruptura, após o surgimento de uma trinca em um recuo que não estava em seu projeto.
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