A defesa de Milton Severiano Vieira, o Miltinho da Van, condenado pelo assassinato da noiva, a dançarina de funk Cícera Alves de Sena, conhecida como Amanda de Bueno, pediu à Justiça que seja decretado segredo de justiça do processo de execução penal do preso. O pedido foi feito após o EXTRA revelar que os advogados de Miltinho pediram sua transferência para um hospital penitenciário, por alegarem que o detento trem problemas psiquiátricos. A juíza Ana Paula Abreu Filgueiras, da Vara de Execuções Penais (VEP), entretanto, negou o pedido, em decisão desta terça-feira.
“Em se tratando de indivíduo encarcerado em unidade prisional do Estado, não há que se cogitar do resguardo de intimidade e privacidade, porquanto, por óbvio, tratam-se de direitos relativos mitigados pela existência de uma condenação criminal já transitada em julgado. Frise-se que a regra é a publicidade dos atos judiciais. No caso do processo de execução penal, a publicidade é ainda mais pungente em razão do caráter repressivo e preventivo da aplicação da pena privativa de liberdade, objetivando elidir o sentimento de impunidade da população”, escreveu a juíza em sua decisão.
De acordo com a magistrada, o fato da vítima do crime ser dançarina da Gaiola das Popozudas justifica o interesse público no processo. “No caso em tela, a vítima do homicídio perpetrado pelo apenado gozava de fama dentre determinado segmento da população, a justificar o interesse dos meios de comunicação nas notícias relacionadas à execução da pena daquele que ceifou a vida da dançarina do grupo musical popular ‘Gaiola das Popozudas’”, alegou a juíza.
Ao EXTRA, o advogado de Miltinho, Flávio Augusto Campos Fernandes, alegou que Miltinho começou a apresentar problemas psiquiátricos na cadeia. Após o pedido da defesa, a VEP determinou a intimação do “subsecretário adjunto de Tratamento Penitenciário, a fim de que adote todas as providências necessárias para resguardar a saúde do executado, devendo providenciar, se for o caso, sua transferência para unidade hospitalar penal ou da rede pública capaz de tratar a enfermidade do interno”.
Milton foi condenado, em outubro de 2016 a 40 anos, 10 meses e 20 dias de prisão, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, roubo majorado de um carro que ele tentou usar na fuga do local do crime e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Dono de uma fortuna conseguida graças à exploração de linhas de vans que circulam na Baixada Fluminense, Miltinho instalou em sua mansão no bairro da Posse, em Nova Iguaçu, um circuito de câmeras para protegê-lo. E foram essas mesmas câmeras que acabaram gravando o crime.
No vídeo é possível ver Miltinho jogando a dançarina — que já participou dos grupos “Gaiola das Popozudas” e “Jaula das Gostozudas” — no chão e batendo com a cabeça dela no asfalto pelo menos 12 vezes. Em seguida, ele dá dez coronhadas na dançarina. É possível ver também Miltinho saindo de perto de Amanda, que fica caída no chão, e entrando na casa. Logo depois, ele sai de lá com a escopeta com a qual deu cinco tiros na cabeça da funkeira, vestindo um colete à prova de balas.
Após cometer o crime, Milton rendeu um vizinho seu, policial militar, e roubou o carro Gol cinza dele. Para intimidar o PM, o assassino deu dois tiros de escopeta para o chão e fugiu com o veículo. O criminoso foi capturado por agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) ao capotar com o carro, logo depois, na Via Dutra. Com ele, foram apreendidas uma pistola calibre.40 e uma escopeta calibre 12. As duas armas seriam as que foram usadas para matar Amanda.
Amanda e Miltinho ficaram noivos quatro dias antes do assassinato da jovem. A briga do casal começou, segundo o delegado Fábio Cardoso, titular DHBF, após uma violenta discussão entre eles. O motivo para o desentendimento foram ciúmes: Miltinho havia almoçado com uma ex e a dançarina não gostou. Houve um bate-boca que evoluiu para agressão física.
Extra.com
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