Centrais sindicais vão cobrar do governo as promessas de alterações no texto da reforma trabalhista feitas antes da votação no Senado. Segundo o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, sindicalistas vão se reunir com o presidente Michel Temer e com o Ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, na semana que vem para retomar as discussões – mudanças no texto aprovado ontem poderão ser feitas por medida provisória.
Entre os principais pontos a serem cobrados estão a homologação da rescisão, que no texto da reforma deixa de ser obrigatória; o trabalho intermitente, com contrato sem horário fixo; a vedação ao trabalho de gestantes e lactantes em local insalubre; e a contribuição sindical, um dos temas mais polêmicos. “Chegaram a dizer que estávamos vendendo os direitos do trabalhador para garantir o custeio dos sindicatos, mas é mentira. Precisamos de recursos para trabalhar. Quem, voluntariamente, vai pagar o imposto sindical? Se não fosse obrigatório, quem pagaria o imposto de renda”, diz Patah.
Amanhã, as centrais devem se reunir para discutir como será a atuação daqui para frente, de acordo com João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical. “Durante as discussões sobre o projeto tivemos como interlocutores o ministro do Trabalho e o presidente Temer. Agora, vamos continuar conversando com eles. O governo fez mais que promessas, há documentos”, afirma.
Segundo Juruna, há duas vertentes entre os sindicalistas sobre como deve ser feita a contribuição sindical: como é hoje, com a contribuição obrigatória do equivalente a um dia de trabalho, e a negocial, em que o valor a ser pago seria negociado com as categorias em assembleia – esse segundo modelo é o defendido pela Força. Há ainda uma outra possibilidade em discussão, que prevê a extinção gradual da contribuição sindical, para que as entidades possam se organizar.
O dirigente esteve em Brasília ontem e acompanhou o início do dia conturbado no Senado. “Tentamos entrar das 9h às 11h”, conta. Recebidos pelo senador Lindbergh Farias (PT/RJ), os sindicalistas conseguiram entrar no plenário, onde, segundo Juruna, ficaram cercados pela Polícia Legislativa. “Foi uma medida exagerada.”
O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, disse que o movimento contra a reforma vai continuar. “Vamos colocar painéis em todos os grandes pontos de concentração nos Estados, expondo os votos dos senadores e senadoras.” Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Nobre esteve ontem de manhã na manifestação contra a reforma que bloqueou a pista lateral da Rodovia Anchieta, no sentido litoral. Participaram funcionários das quatro montadoras com sede em São Bernardo – Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz e Scania.
Agência Estado.
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